Branco. (ou tudo que eu sempre sonhei).
Tudo era pura questão de se acostumar.
De vez em quando fingia que não. Fingia que podia ser diferente. Mas sabia que se agarrava a essa possibilidade como uma criança se agarra à inocência, querendo não crescer.
Em Agosto o branco do céu é mais ofuscante. (Branco?) Então não convém reclamar. Era de se agradecer. Mulher, filhos, casa própria. Sua felicidade vinha no tamanho justo do dinheiro honesto do emprego. No fim de ano chegava a ficar comovido com a sorte que o abençoava por mais um ano. Cortava o peru de natal no aconchego do lar, pensando na vida segura que alcançou, pensando em como sempre sonhou com isto.
O branco nos cabelos começava a se tornar maioria. Mas a saúde continuava intacta.
Mais alguns anos e teria sua aposentadoria. Convinha sentar na varanda e esperar pela falta de surpresas que o aguardava.